Willian Cardoso conta experiência na piscina de Kelly Slater

O circuito mundial de surfe teve, pela segunda vez na história, uma de suas etapas oficiais realizada em ondas artificiais. O Freshwater Pro, oitava etapa do campeonato, ocorreu entre os dias 19 e 21 de setembro no Surf Ranch, piscina construída pelo campeão Kelly Slater, no interior da Califórnia.

O atleta Willian Cardoso, o Panda, do Portonave Surf Team, disputou a prova e contou para a Express como foi a experiência. Willian saiu da disputa nas quartas de final e, apesar de não ter ido até o fim, superou desempenhos anteriores e está otimista para o restante das provas. O circuito mundial se encerra em dezembro, na famosa Pipeline, no Havaí.

Como é a experiência de surfar ondas artificiais?

É muito legal. É uma onda em que você pode repetir várias vezes a manobra, desenhar uma linha em sua cabeça e executar. Então você pode aperfeiçoar a performance.  A parte ruim, pra mim, é que é uma onda muito longa e você fica cansado mais rápido. Além disso, acaba nos deixando repetitivos. Tentamos fazer o melhor possível, mas chega um momento em que a gente acaba repetindo manobras.

Como você descreve o cenário encontrado lá, comparado ao das praias?

É muito diferente. Lá a gente estava no meio de um deserto, de cimento, com cavalos e vacas para tudo que é lado. Mas a experiência é incrível. Segundo ano nessa piscina e com certeza um resultado bem melhor.

Você sentiu alguma dificuldade a mais em comparação ao surf tradicional?

A piscina tem uma parte muito difícil de você não poder errar em nenhum momento, de ter que executar todas as manobras com qualidade do início ao fim.  Qualquer erro e você é penalizado, porque acaba perdendo a onda. Tem que ser 100% para continuar na linha da onda e executar ela do início ao fim.

Que característica do seu surf é favorecida nesse tipo de onda?

Eu consegui encaixar bastante power surf, principalmente para a direita, e consegui desenvolver uma linha para a esquerda muito legal, que eu acho que poderia ter sido mais recompensada. Fui um dos poucos atletas a conseguir linkar todas as manobras sem mexer a prancha nenhuma vez e acho que isso foi muito bonito de se ver.

Alguns especialistas chegam a dizer que a existência de piscinas como a do Kelly Slater possibilitaria que o surf ficasse em definitivo como categoria olímpica (o surf estreia como modalidade olímpica em Tóquio, em 2020). O que você acha?

Seria um crescimento único do esporte. As ondas da piscina trazem a possiblidade de a gente surfar em qualquer lugar do mundo. Podemos ter surfistas de lugares que nem têm praia. É algo que encanta e nos deixa satisfeitos, pois somos pioneiros em participar dessa iniciativa toda.

Em relação ao seu desempenho, como você avalia a performance atual?

Estou bem feliz. Minha performance na piscina foi mais do que a esperada. Chegamos muito próximo de ir para as finais. Foi uma diferença bem pequena, de 0,07. E eu estava feliz com o que eu estava surfando e com o que eu tinha apresentado. Meus equipamentos estão perfeitos, estou em um momento muito bom, me sentindo confiante e acredito que eu tenho grandes chances de fazer boas campanhas nas próximas provas.

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A piscina de ondas do Kelly Slater

O Surf Ranch é resultado de nove anos de pesquisas e dedicação para tornar real o sonho do 11 vezes campeão mundial Kelly Slater de criar a onda perfeita. Sua piscina tem 700 metros de comprimento e 150 de largura até a faixa de areia. Nela, uma lâmina de metal parcialmente submersa movimenta-se sobre um trilho com a ajuda de mais de 150 pneus de caminhão e cabos, atingindo cerca de 30 km/h. O vai e vem da lâmina cria uma onda que alterna tubos e paredes por até 50 segundos. Um relevo artificial funciona como amortecedor e ameniza o ricochete da água que bate nas paredes. E o fundo da piscina projeta recifes que ajudam na formação da onda.

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Postado por TI Portonave
[18/11/2019]