Portonave recebe o primeiro navio porta-contêineres bicombustível com rota no Brasil

A atracação do navio CMA CGM Bahia, movido a GNL, é inédita no Terminal e representa um marco no setor marítimo e portuário nacional, dada as características inovadoras e sustentáveis da embarcação

O Terminal portuário recebe o CMA CGM Bahia pela primeira vez, na segunda-feira (5), um porta-contêineres bicombustível que tem como fonte principal o Gás Natural Liquefeito (GNL). O navio realiza o serviço SEAS 1, que faz a ligação da Ásia com a Costa da América do Sul, passando nos portos Xangai, Hong Kong, Singapura, Rio de Janeiro, Santos, Navegantes e Montevideo, entre outros. Na Portonave, após o término das operações, nesta terça-feira, foram embarcados 1.762 contêineres e 878 descarregados, uma movimentação total de 3.518 contêineres.

Essas embarcações movidas a gás bicombustível funcionam com GNL, melhorando a qualidade do ar ao evitar até 99% das emissões de enxofre, 92% das emissões de óxido de nitrogênio e 91% de partículas. Desta forma, assim que o abastecimento estiver disponível, estes navios serão capazes de utilizar BioLNG (biometano liquefeito produzido a partir de biorresíduos) e e-metano (metano sintético produzido a partir de hidrogênio descarbonizado), uma fonte de combustível neutro em carbono. O design exclusivo destas embarcações, com um defletor de vento na proa (frente do navio) para melhorar a aerodinâmica, pode reduzir ainda mais as emissões de CO2 em 2% e é o resultado de uma estreita cooperação entre os especialistas em pesquisa e desenvolvimento da CMA CGM e parceiros industriais.

A nova embarcação, que começou a operar em 2023, integra a nova geração de navios sustentáveis do armador francês e possui 336 metros de comprimento, 51 metros de largura e capacidade de 13.200 TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés). Faz parte de uma série de investimentos do grupo CMA CGM, companhia global de soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas. É um avanço para o segmento portuário, pois representa um progresso na busca por uma navegação mais sustentável.

Para se adequar à demanda do mercado e contribuir com o meio ambiente, neste ano, a Portonave iniciou a obra de adequação do cais para receber navios maiores, de 400 metros de comprimento, e, futuramente, possibilitar a instalação do cold ironing para alimentar dois navios por meio da energia elétrica, ao mesmo tempo, o que reduzirá a emissão de gases poluentes.

A Organização Marítima Internacional (IMO) é uma autoridade global para definição de padrões para a segurança, proteção e desempenho ambiental do transporte marítimo internacional, e, em julho 2023, estabeleceu a meta de alcançar emissões líquidas nulas de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes do transporte marítimo internacional até ou próximo de 2050. A fim de atingir este objetivo, o modal marítimo está se adequando.

Movimentação e sustentabilidade na Portonave

Na participação de mercado, a Portonave representou 15% em âmbito nacional e 54% em Santa Catarina (TEUs cheios), de acordo com dados do Datamar de janeiro a outubro de 2023. No ano passado, movimentou 1,3 milhão de TEUs, 10% a mais que o ano anterior. Além de se destacar pelas movimentações, a empresa é pioneira em investimentos para descarbonização, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e às práticas ESG (Meio ambiente, social e governança, em português). Neste ano, o Terminal operou o primeiro Terminal Tractor Elétrico na região Sul. O equipamento é 100% elétrico, ou seja, não emite gases poluentes como o dióxido de carbono e os óxidos de nitrogênio e enxofre. O intuito é realizar testes com o novo equipamento para avaliar novas aquisições e a troca da frota, que conta com 40 Terminal Tractors.

Em 2023, o Terminal obteve o certificado da International REC Standard (I-REC), com a aquisição de 63.792 MWh, que atesta que toda energia utilizada em 2022 foi gerada a partir de fontes renováveis. Também, instalou 308 placas solares para geração de energia limpa no espaço de convivência e área reefer (cargas congeladas), que, juntas, geram 17.525 kWh/mês. Além disso, realiza as operações com equipamentos ecológicos: uma Eco Reach Stacker, empilhadeira para movimentação de contêineres, que reduz em 40% as emissões de gases de efeito estufa, duas empilhadeiras elétricas de pequeno porte, e, desde 2016, 18 Rubber Tyred Gantry (RTGs) eletrificados, guindastes para movimentação de contêineres, que reduzem em 96% a emissão de gases poluentes dos equipamentos.

Postado por Giovanna Pegoraro
[07/02/2024]